domingo, agosto 28, 2011

QUESTÃO 2 - Do Urbanismo de Choay às Cidades Jardins

Levando-se em consideração o texto de Choay e a dissertação de Dacanal, percebe-se nesse momento da história das cidades, que utopistas e filósofos sociais idealizaram “modelos” urbanos reprodutíveis; o modelo progressista, cujos representantes são Owen,Fourier, Richardson, Cabet e Proudhon, que trata o homem como um “tipo, independente de todas as contingências e diferenças de lugar e tempo”, determinando uma “ordem-tipo, suscetível de aplicar-se a qualquer agrupamento humano”, afirma Choay.
Socialista ao extremo, no limiar do século XIX, para Owen o meio físico e social determinam o homem, em 1797 assumiu a presidência de Lanark, onde fez uma reforma, construindo casas, ruas, escolas, reduziu a jornada de trabalho, ou seja em contradição com seu colegas empresários acreditava que o melhor investimento deveria ser feito com seus empregados, Owen melhorou as condições de trabalho e vida de cerca de 1200 pessoas na época.

Vila Operaria – Robert Owen

Já Fourier, segundo o mesmo autor, idealiza o Falanstério, uma pequena cidade, possuindo um centro destinado às funções públicas. Este deveria se estabelecer próximo de um curso d’água e de uma mata, também perto de uma grande cidade, mas longe o suficiente para evitar seus infortúnios. Os veículos atravessariam o Falanstério ao nível do terreno, e os pedestres circulariam em galerias no primeiro pavimento. Fourier pretendia restabelecer a vida social, que considera caótica nas cidades da época, limitando também o direito da propriedade privada.

Falanstério/ Falanges – Charles Fourier – 1843



Segundo Guido ZUCCONI, a cidade do século XIX, são inúmeras as expressões como pode ser definida: de “cidade da revolução industrial” a “cidade da época da expansão”, de “cidade do progresso técnico” a “cidade do ciclo haussmaniano” sendo todas estas expressões o que marcou a época.
O século XIX contribuiu radicalmente com as paisagens naturais, sendo essas as estações ferroviárias e os estabelecimentos industriais, as galerias comerciais e as lojas de departamento, os bairros de edificação pública e as orlas marítimas.


Foi uma época marcada pelo rápido desenvolvimento tanto quantitativo e qualitativo. Mas podemos observar também que o rápido crescimento das grandes metrópoles se distribui de maneira desigual, favorecendo o crescimento de centros urbanos em detrimento do campo. O que foi visto de maneira negativa, pois sem querer o camponês foi absorvido. Fazendo com que aglomeração humana, promiscuidade, falta de condições higiênicas aceitáveis, degradação material e moral fizessem parte da característica desse “ inferno recente” como cita o autor.

O extraordinário processo de crescimento do século XIX e concentração urbana são atribuídos à revolução industrial. “ na origem de tudo existe, portanto, uma série de elementos racionais, situados irregularmente no território: existem pontos de particular acúmulo que dispõem de capacidades, conhecimentos e inteligências em condições de atrair recursos financeiros, investimentos na origem do ciclo industrial. As mesmas razoes atraem fluxos de população da área circunstante, ambas oferecendo reserva de mão-de-obra e potencial mercado. Inicia-se, dessa maneira, um autentico circulo virtuoso que, por sua vez, esta na origem de um ciclo expansivo”.

como diz o autor, os maiores centro urbanos, nascem do nada e seu rápido crescimento é devidamente industrial. Todos esses motivos fazem com que a tipologia urbana começa a tomar novos rumos, fazendo parte da geografia do desenvolvimento, criando uma série de imagens ligadas a noção de luxo.
Portanto o século XIX corresponde à fase de transição entre um antigo regime, marcados por delimitações férreas, e a plena atuação do princípio segundo homens e produtos podem circular livremente.

A partir desse momento surge então o modelo culturalista, no qual Choay afirma centrar-se na problemática do agrupamento humano, no qual o indivíduo possui “suas particularidades e sua originalidade própria, cada membro da comunidade constitui, pelo contrário, um elemento insubstituível nela”. Nesse modelo se encontra a concepção de cidade-jardim idealizada por Ebenezer Howard..(1898), que defendia o antiurbanismo, desocupando o centro como morada. Segundo Choay, Howard defendia uma reforma na qual a moradia seria no campo e vida ativa na cidade. Para ele a solição para o capitalismo opressivo seria a democracia e a organização cooperativa. O conceito plano urbano, rodeado por um cinturão verde, buscava nas formas orgânicas e na baixa densidade de áreas construir uma nova paisagem, totalmente diversa das cidades industriais.

 Mais do que a forma, Howard tinha uma preocupação social, propondo melhorar a
vida dos encortiçados e controlar o crescimento das grandes cidades britânicas.
O modelo da cidade ideal inspirou urbanistas na criação de bairros e subúrbios jardins
e atualmente na concepção de muitos condomínios residenciais, com a diferença de não
relevarem a proposta social de Howard, na qual todas as classes poderiam adquirir seu lote
suburbano com igual qualidade de vida.

Em 1903 Unwin e Barry Parker projetaram Letchworth, a
primeira cidade-jardim construída, com uma área de 1.250 acres que comportaria 30.000
habitantes, com mais 2.500 acres reservados para agricultura. No entanto, Letchworth foi
baseada em investimentos e negócios e não em teorias utópicas e cooperativismo social como
sugeriu Howard.

Letchworth
                                                                          Letchworth

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