sexta-feira, agosto 26, 2011

Resenha - REFLEXÕES SOBRE A CULTURA DO MEDO: um retrato do desenvolvimento da violência urbana na atualidade


“ A estrutura de um todo, pode explicar a ação e os fenômenos sociais.”
Considerando o medo como uma força que tem por finalidade evitar perigos de qualquer natureza, na espécie humana o medo é construído e transformado culturalmente, sendo relacionado ao tempo e ao espaço.
A cultura do medo é entendida como a expressão das necessidades, historicamente condicionadas de um grupo social e de seus indivíduos e como referencia à totalidade das práticas sociais coletivas e suas representações simbólicas. Tendo em vista esta cultura que se apresenta como uma dinâmica das ações e interpretações dos agentes. Uma vez que todos se sentem ameaçados, a cultura do medo altera profundamente o território e o tecido urbano e, como conseqüência a vida cotidiana da população.
Com a mídia enfatizando “a fala do crime”, fica então presente nas conversas e praticas do cotidiano, fazendo parecer algo mais próximo e intenso do que de fato é. Acentuando assim o medo e a própria violência, instigando na sociedade o preconceito.
O poder público, não contribuindo com a segurança publica da população, ao contrario, contribui para despertar o medo na sociedade. Assim sem poder contar com as intervenções do Estado, a população se organiza, procurando proteção com as próprias mãos.
Como “estética da segurança” ou estética do medo” a expressiva alteração que se nota na paisagem arquitetônica das cidades brasileiras. Condomínios fechados com grades, muros altos, sistemas de alarmes contra roubos etc. visam dar maior proteção às pessoas e ao patrimônio, construindo novas complexidades nos processos de segregação espacial e social que funcionam também para estigmatizar, controlar e excluir estranhos, sobretudo os mais pobres.
Construindo muros, a vida pública de fato se altera, de modo que a cultura do medo passa a moldar um novo tipo de cidadão, o que chama de “sub-cidadão”, pois se trata de um sujeito que não percebe claramente seus direitos individuais e tampouco luta pelos direitos sociais de forma coletiva, já que busca nas estratégias da esfera privada o que poderia alcançar como direito.
Isso teoriza o que vem acontecendo nas cidades brasileiras e no mundo, como opção por morar em condomínios que representam para muitos a segurança, tendo como uma das razões, a certeza de que residirão em companhia de moradores com semelhantes condições financeiras, o que “tranqüiliza”, pela mesma certeza do distanciamento dos pobres, pois despertam o medo, ainda que a certeza da segurança nos condomínios não possa ser fundamentadas a partir de tais aspectos.
As pessoas buscam um mundo ideal dentro de um condomínio, onde tudo vive em perfeita harmonia, como vemos no vídeo abaixo, o mundo ideal “fora da realidade das ruas”.

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