segunda-feira, agosto 29, 2011

QUESTÃO 1 - Um Padrão de Urbanização Segregador


“A cidade não é apenas um objeto ou um instrumento, o meio de realizar certas funções vitais; é também um quadro de relações interconscienciais, o lugar de uma atividade que consome sistemas de signos tão complexos... “
“Quanto os habitantes, sua primeira tarefa é a lucidez. Não deve nem deixar-se seduzir pelas pretensões científicas do urbanismo atual, nem alienar suas liberdades nas realizações deste. Deve resguardar-se tanto da ilusão progressista quanto da nostalgia culturalista.”
“É preciso parar de repetir fórmulas fixas que transformam o discurso em objeto, para definir sistemas de relações, criar estruturas flexíveis, uma pré-sintaxe aberta a significados ainda não constituídos.”
( O Urbanismo - Choay, Françoise)

“O objetivo do urbanista deve ser o de criar entre a cidade e o campo um contato cada vez mais estreito.” (Le Corbusier)

Relacionando a história da cidade com a história do trabalho e o surgimento do urbanismo no século XIX, mesmo antes de sua aceitação como uma ciência. Passando pela revolução industrial que é o grande impulso ao crescimento demográfico. Já no inicio do século Londres, por exemplo, perde o contorno especifico efeito da implantação de industrias no em torno, levando a classe média e operaria a deslocar-se para os subúrbios. Tornando os limites da cidade pouco delimitados. Esse mesmo fenômeno pode ser identificado no mundo. Mas expressivamente após o efeito da globalização, onde modelos urbanísticos foram copiados para o mundo.
O urbanismo se difere do pré-urbanismo pela consciência da existência dessa ciência, por tentar acoplar a teoria a prática
Le Corbusier afima: “O urbanista não é outra coisa se não arquiteto.” Assim como o arquiteto não pode controlar a forma de viver do morador de sua obra, o urbanista não pode controlar a vida da cidade. O arquiteto tem q abdicar da posição de “Deus” e admitir sua posição de co-criador do Espaço.
Carta de Atenas é a cara dos Urbanistas Progressistas. Na tentativa de priorizar as necessidades humanas universais: Habitar, trabalhar, locomover e cultivar o corpo e espírito. Com essa definição de um homem tipo tenta criar formas universais.
Essa racionalização leva a um modelo universal de cidade copiado para todo o mundo. Assim também é copiado a valorização dos edifícios e unidades autônomas.
Com a inserção do Brasil no processo de globalização, a partir de meados dos anos 1980, exacerbou as desigualdades sociais já existentes. Conurbação, alta densidade de certas áreas em detrimento a outras surge a necessidade de leis e zoneamentos para conter o adensamento desvairado, que não deixa de ser agentes da segregação, pois tentam agrupar grupos de mesma classe. Se a cidade é o Espaço das trocas, se essa relação é limitada a uma mesma classe social pode ainda assim ser chamada de cidade?
Levando essa análise ao nosso tema. Os condomínios não são nada além de filhos tortos de uma idealização do que seria viver bem. Apesar das raízes dos atuais condomínios fechados ter sua origem nos ideais da cidade jardim. “Howard, um utopista di século XX, que acreditava na possibilidade de planejamento de comunidades balanceadas com mistura de classes sociais, desenvolvimento econômico, sistemas de cooperativismo e bem estar social, atrelado ao desenho da paisagem.” (Liza Maria Souza de Andrade)
Somente sua origem se baseia nessa idealização, pois a formação atual dos condomínios tem causas bem mais individualistas. Como a busca por segurança, por uma qualidade de vida próxima a natureza, além do status que esse tipo de moradia proporciona. Nosso padrão de urbanização é segregador. Essa expansão significativa de um modelo residencial em “quase bairros” fechados cercados de aparatos de segurança, e envoltos numa idealização mítica do urbano envolve, sobretudo, camadas médias e altas da população. Viola inclusive o direito de ir e vir. O direito de circular esta restritos por muros, cercas e portarias de identificação o anonimato do Flamboyant esta vetado. E a idealização de Deriva dos situacionistas esta suspensa. E a superioridade do automóvel é irrefutável. Há inversão do modelo centro para o rico e periferia para o pobre, pois a acessibilidade do cidadão não é mais critério, as vias são pensadas para os automóveis. O pedestre tem seus lugares de caminhada, que não chegam a lugar algum, delimitados.

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