terça-feira, agosto 30, 2011

QUESTÃO 1 - A situação de Nova Lima

Na imagem a região centro sul de Bh, a Serra do Curral como divisor, e ao fundo Nova Lima


Nova Lima, desde a década de 50, começa a moldar seu padrão com a criação de condomínios horizontais para as classes média a alta. Neste período as casas ofertadas eram, em sua maioria, para segunda residência, com o discurso de manter contato com a natureza, tendência que permanece até os anos 80. Vale lembrar que a região ainda era totalmente dependente do centro urbano, principalmente na questão comercial.
Nos anos 90, o setor imobiliário muda um pouco esse discurso, acrescentando a segurança e a autosuficiência como atrativo. Um anúncio publicado no Jornal Estado de Minas, em 25/09/2002 mostra isso claramente, a reportagem tem o título “Em busca de uma casa no campo”

“ [...]proporcionem aos [futuros] moradores os principais benefícios de
morar no interior sem abrir mão das vantagens oferecidas pela cidade
grande” ou, como conclui o mesmo artigo, “[...] a volta ao contato com a
natureza e a possibilidade de desfrutar do progresso da civilização”. 

Isso mostra o novo conceito de moradia e a maneira como o mercado imobiliário faz para atrair os novos moradores dessas áreas, os aspectos que não existem mais nas grandes cidades, estão presentes nos condomínios horizontais. Acaba que dissemina uma cultura da moradia essencialmente anti-urbana, alimentada simultaneamente pelo sonho do retorno a natureza e pela ilusão da segurança nos condomínios fechados, é auto-segregação que vemos hoje da classe média a alta na ocupação do vetor sul.
A proliferação de condomínios fechados marca o território municipal, particularmente ao longo do eixo das rodovias que atravessam seu território. Os condomínios indicam, segundo Luciana Andrade, mudanças nas relações espaciais e na determinação dos espaços públicos em seu interior, com a crescente perda da cidade como o espaço da convivência e da sociabilidade, essa tendência de fragmentação da cidade pode causar, no futuro, a falta de articulação urbana e de controle sobre a ocupação do solo.
Não só a questão urbana e social que se discute com o crescimento do Eixo Sul, o fator ambiental também está em pauta. O setor minerador se mostrou contra a criação da APA Sul (1981), exatamente já visando a crescente demanda de condomínios na região.




“Em Nova Lima, embora exista uma prática já consolidada de análise ambiental dos parcelamentos do solo , um discurso  dos agentes políticos voltados para a proteção de seu rico patrimônio ambiental e uma importante ação de mobilização social em torno da proteção do seu rico patrimônio ambiental,  as decisões relativas a aprovação de loteamentos não consideram as análises ambientais que indicam a fragilidade de seu meio físico, nem os custos elevados de sua implantação, que tem reflexos na elevação dos preços dos lotes oferecidos no mercado. No âmbito da política urbana,  a aprovação de loteamentos não considera que o município de Nova Lima possui cerca de 50% dos lotes produzidos a partir da década de 70 desocupados, segundo dados da Prefeitura de Nova Lima. De acordo com informações obtidas na Prefeitura, o interesse do município é manter a produção de lotes nos patamares atuais , destinados a população de renda média e alta com vistas a assegurar o crescimento da arrecadação municipal por meio do IPTU.”
A atuação dos conselhos de meio ambiente tem sido dificultada, exatamente por ter interesses contrários aos da Prefeitura, que parece se importar só com a receita.

Tese: “Expansão urbana e proteção ambiental: um estudo a partir do caso de Nova Lima /MG”, Monica Campolina Diniz Peixoto (Programa de Pós graduação do IGC/UFMG, Mestrado em Geografia) – O município de Nova Lima no contexto metropolitano e ambiental

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